Por Redação - Nova Olinda Agora
O governo do Maranhão redirecionou R$ 13,2 milhões que deveriam ser aplicados na valorização de professores da rede pública para a empreiteira Vigas Engenharia, ligada a parentes próximos do governador Carlos Brandão (PSB). O recurso, proveniente dos precatórios do Fundef, foi utilizado em obras de infraestrutura em Colinas, cidade natal e base eleitoral do chefe do Executivo estadual.
Apesar de negar qualquer vínculo com a empresa, registros públicos indicam a presença de membros da família Brandão e aliados políticos em posições estratégicas dentro da Vigas Engenharia. O irmão do governador, Marcus Brandão, por exemplo, acessou um processo administrativo da Secretaria de Infraestrutura com um e-mail associado à empreiteira, além de ter emitido um atestado de capacidade técnica atestando serviços prestados pela empresa à agropecuária da própria família.
Outro nome envolvido é o de Daniel Itapary Brandão, sobrinho do governador e nomeado por ele em 2024 para a presidência do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MA). Daniel já havia atuado como representante legal da Vigas em uma ação judicial em 2020.
O cruzamento de informações da Receita Federal também revela que o telefone e o e-mail registrados pela Vigas são os mesmos utilizados pela Gás do Sertão, empresa de propriedade de Marcus Brandão. Além disso, o cunhado do governador, João José Pimentel, figura como responsável pelo e-mail oficial da Vigas no cadastro da Receita.
Em 2024, a empreiteira recebeu R$ 60,4 milhões do governo estadual — valor superior à soma de todos os contratos firmados com o Estado desde 2010. Desse total, os R$ 13,2 milhões originaram-se do Fundef, fundo federal que deve ser usado exclusivamente para ações de valorização do magistério e desenvolvimento da educação básica, conforme determina a Emenda Constitucional 114/2021.
A aplicação desses recursos em outras áreas, como infraestrutura, saúde e assistência social, desrespeita a destinação obrigatória. Em 2024, dos R$ 370,9 milhões oriundos do Fundef, nenhuma quantia foi investida diretamente pela Secretaria de Educação.
O governo estadual foi procurado para comentar as denúncias, mas não apresentou resposta até o momento. A falta de explicações e a presença de parentes do governador na estrutura da empresa contratada aumentam as suspeitas de favorecimento indevido com recursos que deveriam fortalecer a educação pública maranhense.
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