Bancos brasileiros em alerta com tensão entre EUA e STF


O mercado financeiro brasileiro viveu uma terça-feira de forte instabilidade após declarações do ministro do STF Flávio Dino, que sinalizou punições a instituições que aplicarem no Brasil as sanções impostas pelos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes. A fala foi entendida por bancos como um agravamento da crise diplomática e jurídica entre os dois países, aumentando a percepção de risco sobre o setor.

No pregão, as principais instituições financeiras listadas na B3 registraram perdas expressivas, que somaram cerca de R$ 41 bilhões em valor de mercado. O Banco do Brasil liderou as quedas, recuando mais de 6%, seguido por Santander, BTG, Bradesco e Itaú, todos com desvalorizações acima de 3%.

O receio das instituições é duplo: de um lado, enfrentar retaliações de Washington, já que a Lei Magnitsky congela ativos e impede transações de indivíduos sancionados; de outro, sofrer sanções internas por descumprirem determinações do Supremo. O dilema se torna ainda mais grave porque bancos que operam com dólar e mantêm relações internacionais estão vinculados ao sistema de pagamentos Swift, controlado em grande parte pelos EUA.

Alguns dirigentes avaliam que a posição de Dino acirra um conflito que já era delicado desde que o governo Trump aplicou restrições a Moraes. Há quem considere que, na prática, instituições com atuação internacional não terão como desobedecer à legislação americana, sob risco de bloqueios e multas bilionárias — como a que atingiu o BNP Paribas em 2014, quando descumpriu sanções impostas pelos EUA.

Especialistas ouvidos pelo mercado apontam que os bancos devem continuar pressionados nos próximos dias, refletindo a incerteza jurídica e política. Analistas destacam que a queda mais acentuada do Banco do Brasil decorre também de sua natureza semiestatal, o que o torna ainda mais vulnerável em meio ao embate.

Apesar da turbulência, executivos do setor reconhecem que não há solução fácil: ignorar as regras americanas pode comprometer negócios no exterior, enquanto contrariar o STF abre espaço para medidas de retaliação no país.

Postar um comentário

0 Comentários